Watchmen – O Filme

Allan Moore bem que avisou. Já na década de 80, quando Watchmen foi lançado em graphic novel, o autor convenceu o cineasta Terry Gilliam a desistir da idéia de adaptar a série para os cinemas, afirmando que seria impossível. Que o longa não conseguiria pegar as nuances e ficaria superficial. Dave Gibbons, o ilustrador, nunca teve problemas com isso, tanto que entrou no projeto da Warner para a adaptação realizada por Zack Snyder, o mesmo que já havia levado para as telas a HQ 300, de Frank Miller.

A história não é mesmo algo tão simples para caber em quase três horas de filme. Watchmen é um grupo já separado de super-heróis em um universo paralelo, onde não existiu o escândalo do Watergate e onde Nixon foi capaz de fazer os EUA saírem vitoriosos na guerra do Vietnã, com a ajuda do Dr. Manhattan, o único deste grupo a ter superpoderes reais, após ser exposto a energia nuclear. Os outros, meros mortais com uniformes, acabaram sendo hostilizados pela população, que os achavam acima da lei.

Quem mais ajudava nesta visão das pessoas era o Comediante, um mascarado das antigas, ultradireitista, que não se importava em matar mulheres e crianças quando achava conveniente. Além dele e de Manhattan, havia Rorschach, Ozymandias, Coruja, e a bela Jupiter. Quando um destes heróis é misteriosamente assassinado, os outros passam a acreditar que podem estar em risco, e que a melhor forma de se salvarem é se reunirem e lutarem contra este mal desconhecido.

A história é interessantíssima. Uma completa desconstrução do super-herói americano. O iconoclasta Allan Moore, no entanto, estava certo de não querer sequer ter seu nome vinculado ao longa, ou mesmo assistir ao filme ou ao trailer. A superficialidade nas telas é imensa e a história acaba se tornando boba, hollywoodiana no pior sentido do termo. Já nos primeiros minutos, uma introdução de pouco menos de cinco minutos ao som de Bob Dylan, contando a origem dos heróis, já renderia um filme próprio.

A edição, para tentar melhorar esta questão do pouco tempo para muita informação, acaba fazendo um vai e vem que só deve confundir a maioria dos espectadores. Sem se atentar ao máximo na trama, é fácil acabar se perdendo sem perceber se aquela cena se passa no presente, 1985, no passado recente, ou mesmo em um passado distante. O elenco de quase desconhecidos consegue segurar bem seus papeis, com destaque para Jackie Earle Haley, de Pecados Íntimos, na pele de Rorschach. Mas, com tantos problemas, a falta de um nome mais conhecido só fará com que poucos se interessem pela obra.

Watchmen – O Filme (Watchmen, 2009, EUA)
Direção:
Zack Snyder
Roteiro: David Hayter, Alex Tse
Elenco: Patrick Wilson, Malin Akerman, Jackie Earle Haley
160 Minutos

    • Mai
    • 7 de março de 2009

    Ai, você e a Tainá me dão muito trabalho para seguir… bem quando eu me afasto é quando vocês mais produzem!!! Vou precisar de uns dias para me colocar em dia com vocês!!! Volto depois!

    Beijos,
    Mai

  1. Ravilski, logo nosso filme estará passando no lugar de Watchmen. O inconparável e insubstituível “Cásper, eu te amo”. Hahaha.
    Abraços.

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