Além da Vida (Hereafter)

Depois de sete filmes de sucesso em sete anos, Clint Eastwood marcou definitivamente o seu nome no rol dos maiores diretores norte-americanos atuais. Desde 2003, quando Sobre Meninos e Lobos foi indicado seis vezes ao Oscar, inclusive nas categorias melhor filme, direção e roteiro, que ele é observado com mais cuidado, sem causar decepções. Apenas uma crítica sempre vinha aos seus filmes, o fato de eles serem considerados caretas, tanto do ponto de vista dramático quanto técnico. Isto pode ter ficado de lado com sua nova obra, Além da Vida.

Novamente com Matt Damon à frente de seu elenco, Clint traz uma história que ousa por entrar em um tema polêmico, a vida após a morte. O cineasta decidiu ser mais ousado também na forma de conduzir a história, filmando através de tramas paralelas. Tanto uma opção quanto a outra, no entanto, fazem deste novo trabalho de Eastwood o mais fraco dentre os últimos. Se o tema deixa o filme carregado, em um melodrama excessivo, a forma de filmar cansa, por ser uma técnica que, apesar de nova, já está bastante desgastada.

Damon faz o papel de George, um médium norte-americano que está cansado de ver sua vida girar em torno da morte. Disposto a nunca mais tentar contato com o outro mundo, ele tenta construir uma vida normal, mas é sempre lembrado deste dom, que ele considera uma maldição. Outros dois personagens também passam a ver suas vidas sendo drasticamente modificadas pela presença da morte, Marie (Cécile De France), na França, e Marcus (George e Frankie McLaren), na Inglaterra.

Durante suas férias, na Tailândia, a apresentadora de televisão Marie quase morre no Tsunami que abalou o país, em 2004. Pega de surpresa pela onda gigante, ela consegue ver como é a vida após a morte, mas é ressuscitada. As imagens não lhe saem da cabeça e ela decide aproveitar sua influência para escrever sobre o assunto. Já em Londres, o pequeno Marcus é surpreendido pela morte acidental de Jason, seu irmão gêmeo, que sempre o protegia e o aconselhava.

Se para Marie, vista como uma intelectual e grande influência na França, tocar no assunto de vida após a morte a faz perder a credibilidade, o mesmo não deve ocorrer com Eastwood. Mesmo que o tema não seja visto com bons olhos por críticos, é um tipo de história que o público gosta de ver. Não a toa, dois dos filmes mais vistos no Brasil em 2010 também entram neste polêmico campo. Ao contrário de obras como Sexto Sentido, Chico Xavier e Nosso Lar incorrem no mesmo erro de Além da Vida, de exagerar no tom melodramático.

Se ousando um pouco mais, Clint Eastwood perde algumas das qualidades que tanto chamaram a atenção em seus últimos filmes, não chega por isso a fazer um filme ruim. Seu novo filme ainda fica acima da média do que tem sido produzido ultimamente, mesmo em alguns momentos emocionando de forma apelativa. Só fica a dúvida se o diretor deve seguir ousando em seus próximos trabalhos, correndo o risco de errar a mão novamente, ou vai optar pelo caminho que vem traçando nos últimos anos e se estabelecer como um careta que faz ótimos filmes.

Além da Vida (Hereafter, 2010, EUA)
Direção:
Clint Eastwood
Roteiro: Peter Morgan
Elenco: Matt Damon, Cécile De France e Bryce Dallas Howard
129 Minutos

    • Iha
    • 10 de janeiro de 2011

    Entrei meio atrasado na sessão e achei que tava no filme errado, Fim dos Mundos, 2012 ou afins hjahahah

    E a história dos gêmeos até que é bonitinha, vai! Po, mas já cansei de tanta morte por atropelamento, vide Abutres, Prova de Morte, Bom coração… tá enchenco o saco haha

    Quero ver alguém morrer em filme sendo atropelado pela arma de duas rodas, a bicicleta, aí sim eu paro de ser a favor das bikes

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